Barragem do Picote
Barragem dos anos 50 classificada como património nacional
12.12.2006
A barragem de Picote, no Douro Internacional, e uma aldeia construída a partir dela há meio século, vão integrar a lista do património nacional classificado, disse à Lusa fonte do IPPAR.
O processo de classificação encontra-se já em fase de conclusão, faltando apenas, segundo David Ferreira responsável pelo processo, o parecer do conselho consultivo do Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) e a homologação da ministra da Cultura.
É a primeira vez que o IPPAR classifica uma barragem, infra-estrutura que se distingue das restantes por ser considerada "um paradigma da arquitectura moderna".
E, também, porque a partir dela foi construída uma "cidade ideal" num lugar inóspito do Nordeste Transmontano.
Com o empreendimento nasceu, entre 1953 e 1958, aquela que é hoje a aldeia de Barrocal do Douro, a expensas da Hidouro, uma das várias empresas criadas na época para a electrificação do país e que deram origem à EDP.
Num local onde a natureza permanecia selvagem, três jovens arquitectos recém-formados na Escola de Belas Artes do Porto, tiveram liberdade para dar azo à criatividade e transformar um morro das escarpas do Douro Internacional num local habitável e "revolucionário" numa região isolada onde faltava praticamente tudo.
Archer de Carvalho, Nunes de Almeida e Rogério Ramos projectaram há cinquenta anos o que os entendidos da arquitectura moderna classificam hoje como "uma cidade ideal", fundada a partir do nada com todas as infra-estruturas e serviços, inacessíveis à maioria da população daquela época.
O novo aglomerado tinha capacidade para suportar o quotidiano de quatro mil pessoas, número em muito superado durante a construção do empreendimento.
Na mesma linha foram pensados, mais abaixo junto ao rio, os edifícios de apoio à produção eléctrica e a própria barragem, a primeira a ser construída no rio Douro e que ganhou o nome da localidade mais próxima na época, Picote.
De acordo com David Ferreira, do IPPAR, toda esta intervenção vai ser classificada como "conjunto de interesse público", um grau imediatamente inferior a monumento nacional.
A distinção, segundo disse, deve-se ao processo inovador de construção, que só foi descoberto décadas depois por dois arquitectos da mesma escola dos autores do projecto, Fátima Fernandes e Michele Cannata.
Os pais de Fátima Fernandes trabalharam na barragem e foram os laços afectivos que a levaram, com o colega, a estudar as três barragens do Douro Internacional: Picote, Bemposta e Miranda do Douro.
Os dois arquitectos surpreenderam quando há uma década revelaram o "moderno escondido", título de uma publicação, em que defenderam que as barragens do Douro Internacional "são obras de arte e uma parte da história da arquitectura moderna".
"Fizeram há cinquenta anos, o que hoje se está a fazer", disse à Lusa Michele Cannata, que com a colega desencadeou o processo de classificação do Picote, em 2002.
Segundo disse, numa altura em que não eram obrigatórios estudos de impacto ambiental, toda a intervenção foi pensada respeitando a paisagem e o ambiente.
Os cuidados estenderam-se à zona industrial, com a central de produção de energia eléctrica construída em caverna dentro da montanha, ao lado do paredão com cem metros de altura, que esconde as entranhas da barragem, que embora encobertas mereceram também a atenção dos projectistas.
As "catedrais", como são apelidados pelos que ali trabalham os espaços interiores, são descritos por estudiosos mais recentes como "arrepiantes e monumentais naves subterrâneas erguidas como verdadeiros monumentos à modernidade".
Desde que foi revelado o "moderno escondido" que Picote passou a integrar o roteiro de investigadores e estudantes que, até então, procuravam no estrangeiro exemplos da arquitectura moderna.

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