Espaços da Memória
15.05.2007
Hoje, 16 de Maio, 21.00 horas, sede nacional
A Ordem dos Arquitectos e o Movimento "Não apaguem a Memória!" têm o prazer de convidar para um colóquio sobre a importância dos locais na memória de momentos e movimentos que conduziram ao 25 de Abril de 1974.
Estão confirmadas as intervenções de Fernando Vicente, Helena Roseta, José António Bandeirinha, José Sarmento de Matos e Nuno Teotónio Pereira
Espaços da Memória
Contributo para a elaboração de um Roteiro da Memória e da Resistência da cidade de Lisboa
Lisboa, à imagem do país, teve ao longo dos 48 anos de ditadura fascista um longo percurso de momentos e locais que conduziram ao 25 de Abril de 1974:
momentos como as greves de 42 (estivadores, Carris, construção naval); as greves dos tanoeiros, da construção naval e outras (1947, 1950 e anos seguintes); os assassínios de Militão Ribeiro (1949), José Moreira (na PIDE, em 1950), Raul Alves (na PIDE, em 1958), Dias Coelho (1961), Fineza (1962), Ribeiro dos Santos (1972), e os mortos do 25 de Abril na António Maria Cardoso (1974); o atentado a Salazar; a preparação da “revolta da Sé” (1959);
locais de tortura nas esquadras de polícia (antes de 1945) e na sede da PIDE na António Maria Cardoso; locais de prisão como o Aljube, a Penitenciária e as Mónicas; locais de destruição como a Sociedade Portuguesa de Escritores; locais de (in)“Justiça” como o Tribunal Plenário;
manifestações, as grandes manifestações do “fim da guerra”, pró-aliados e de unidade anti-fascista (1945); manifestações e greves estudantis pelos mais diversos motivos (1945, 1947, 1952, 1957, 1962 e 1969); manifestações e repressão nas comemorações do 5 de Outubro; a recepção a Humberto Delgado em Santa Apolónia (1958); as manifestações do 1.º de Maio (nomeadamente em 1962); a fuga de Henrique Galvão do Hospital Santa Maria (1959); as diversas fugas do Aljube, do Porto, de Caxias e de Peniche; as veladas e vigílias pela paz e contra a guerra (S. Domingos em 1969 e Capela do Rato em 1972);
e finalmente o 25 de Abril, no Terreiro do Paço, no Carmo e na cidade inteira; e o 1.º de Maio da Alameda ao estádio da “FNAT”.
A estes marcos da nossa História recente correspondem homens e espaços reais que (já) são hoje locais e momentos da nossa memória colectiva.
Em Outubro de 2005, uma manifestação de cidadãos junto da ex-sede da PIDE – que foi o centro da organização e funcionamento da repressão – exigiu que ali fique assinalada a memória deste sinistro local: aqui nasceu o Movimento Cívico “Não Apaguem a Memória” que acordou, com a Câmara Municipal de Lisboa e o promotor imobiliário, na existência de um espaço museológico que, homenageando o Povo de Lisboa e o Povo Português, recordando o que de infame ali se passou, virá a integrar um futuro “Roteiro da Memória e da Resistência da Cidade de Lisboa”.
Esta iniciativa conjunta do “Não Apaguem a Memória” e da Ordem dos Arquitectos pretende dinamizar esta questão, na sequência da recente discussão na Assembleia da República que recomenda o apoio a iniciativas das autarquias e da sociedade civil a programas de musealização que aproveitem edifícios que sejam historicamente identificados como relevantes na resistência à ditadura.
Fica um apelo:
Que os “Espaços da Memória – repressão, resistência e liberdade” – não sejam destruídos, antes sejam preservados com a ajuda e colaboração de todos.
Que os compromissos assumidos pelo “Não Apaguem a Memória”, pela Câmara Municipal de Lisboa e pelo promotor imobiliário sejam respeitados e cumpridos.
Não Apaguem a Memória
Maio de 2007