Prémio da Trienal para o arquitecto Gregotti, que desenhou o CCB num "cartãozinho"
28.07.2007
Foi a Siza Vieira que coube a escolha da personalidade a homenagear pela Trienal de Arquitectura
Era num "cartãozinho do tamanho de um bilhete de eléctrico" que o arquitecto italiano Vittorio Gregotti trazia desenhada a sua ideia para o Centro Cultural de Belém, quando em 1988 chegou a Lisboa para se encontrar com Manuel Salgado, o colega português a quem tinha proposto parceria neste projecto. Foi assim que Salgado o recordou ontem, na cerimónia, no Museu da Electricidade, em Lisboa, em que Gregotti, prestes a completar 80 anos, recebeu o Prémio Carreira Internacional Trienal MillenniumBCP.

Cabia a Álvaro Siza Vieira, patrono do prémio, a escolha da personalidade a homenagear no final da Trienal de Arquitectura. "Comecei por recusar, sem sucesso", confessou ontem. Até que "quase por instinto" surgiu no seu espírito um nome: Vittorio Gregotti, membro da "brilhante geração de arquitectos italianos que iniciou a prática profissional nos anos 50" e amigo desde que nos anos 60 "visitou Portugal aparentemente - mas só aparentemente, talvez - em férias". E, sublinhou ainda Siza, alguém que "recusa o brilho imediato, e por isso muitas vezes fugaz".

Gregotti recordou também - já depois de ter recebido das mãos do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, o galardão, uma obra do artista Pedro Cabrita Reis - essa sua primeira visita a Portugal e o encontro com Siza, com quem viria a viver "muitas aventuras culturais" ao longo de décadas. E depois a segunda visita, oito dias após o 25 de Abril de 1974, e a hipótese que então se colocou de projectar um bairro em Setúbal.
Mas só no final dos anos 80, com o CCB, é que Gregotti viria, nas palavras de Siza, a "participar de forma decisiva na transformação do nosso país". Foi, a acreditar em Manuel Salgado, uma aventura excitante. "Instalámo-nos no estaleiro para fazer desenhos de manhã que eram construídos à tarde." Tudo no meio de enormes polémicas, com o novo edifício a ser classificado como um bunker e uma ameaça ao Mosteiro dos Jerónimos - "chegou a sair nos jornais que ia ser azul claro", contou Salgado.
"Foi bastante complicado", admitira, momentos antes, Gregotti ao PÚBLICO. "Era um projecto que tinha que ser feito rapidamente, e com grandes polémicas, que tinham a ver com a relação da arquitectura moderna com os grandes monumentos". Apesar disso é, ainda hoje, um projecto que diz amar muito. "Acho que nos portámos muito bem com esse grande monumento [os Jerónimos], não tentámos fazer-lhe concorrência, fizemos uma coisa mais modesta, que o acompanhava com materiais semelhantes, mas que funcionou bem."

Sente-se "muito feliz" ao ver "a popularidade que [o CCB] conquistou entretanto. "O facto de estar cheio de pessoas faz superar todas as polémicas." E se, como tem sido falado, se avançar com a construção dos módulos que ainda faltam ao edifício - "Espero que sim", diz, sorridente -, Gregotti promete voltar a Portugal para a ocasião.

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