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Joaquim Guedes Sobrinho
JOAQUIM MANOEL GUEDES SOBRINHO (1932-2008)
14.08.2008
A arquitetura brasileira perdeu um de seus grandes pensadores. Destemido para colocar suas idéias, nunca se eximiu de debates polêmicos. Ao contrário, foi sempre um dos seus principais incentivadores. O arquiteto e professor Joaquim Manoel Guedes Sobrinho faleceu em 27/07/08. Nascido em 1932, formou-se na terceira turma da FAU/USP em 1954, onde em 1958 já era professor, tendo se aposentado em 2002 como Professor Titular.
Joaquim Guedes foi um dos principais protagonistas da arquitetura moderna brasileira. Produzindo desde a década de 1950, Guedes acumulou entre seus 500 projetos, programas de toda natureza e escala, os quais executou com o mesmo rigor: cidades, edifícios, escolas, hospitais, residências, reformas e objetos, tendo contribuído, ainda recém-formado, para a afirmação da produção paulista no cenário nacional, e manteve, desde então, uma ativa participação no desenvolvimento da arquitetura e do urbanismo, através do ensino e da prática arquitetônica.

Autor de uma produção independente e original, seu maior esforço concentrava-se em criar espaços, tanto quanto possível, flexíveis e versáteis, para garantir a realização plena das atividades humanas, de tal modo que permitisse a cada um, à sua maneira, apropriar-se do espaço criado. Aberto aos desafios a serem enfrentados e liberto das soluções anteriores, tratava cada um dos seus projetos como uma experiência inusitada, iniciando-os sem planos ou roteiros precisos, apenas com problemas a resolver, delineando-os conforme as necessidades dos usuários, os materiais e a paisagem, de modo que cada obra tivesse sua inventividade própria, decorrente dos vários aspectos a ela inerentes.

No conjunto de sua obra é possível verificar a existência de projetos essencialmente diferentes, ainda que desenvolvidos num mesmo período. Para ele, “acima da força criadora pessoal atribuída aos arquitetos, que poderia ter unidade e coerência, mas não é absoluta e nem autônoma, está sua submissão aos programas sociais, às tecnologias, às economias e à circunstância, que constituem material e essência dos jogos que a produzem”. Resultado de uma simbiose entre análise e síntese, o seu projeto se configurava como uma aproximação à verdade, de cujas imposições, acreditava que emergiria a beleza.

Extremamente crítico e sobretudo autocrítico, num raciocínio semelhante ao que permeia o trabalho da filosofia, ele sempre partia da dúvida e da indagação, como instrumento para a reflexão, aceitando, inclusive, os erros e as mudanças: “quanto mais duvido ou nego, critico, destruo, mais me sinto perto do conhecimento – verdade e próximo do objeto”. Questionando exaustivamente a excelência do resultado obtido, uma nova experiência era capaz de levá-lo a mudar em seguida o que terminara pensando ser perfeito e definitivo, o que impôs a sua obra uma condição de permanente investigação. Integrante de uma geração que compreendeu a necessidade de fazer teoria para chegar a uma prática útil, Guedes traçou seu caminho buscando fazer teoria na prática como forma de estudo permanente para ação.

Dentre suas obras, as residências Cunha Lima (1958), Waldo Perseu Pereira (1967), Liliana Guedes (1968) e Ana Mariani (1976), e o projeto urbanístico de Caraíba (1977), que revelam o profundo conhecimento que tinha do ofício e da seriedade com que o executou, tornaram-se cânones da arquitetura racionalista brasileira. Guedes acreditava na arquitetura como uma resposta à vida, criando espaços que a estimulasse em todas as suas possibilidades.

Presente nos principais debates arquitetônicos do país, sua participação sempre foi marcada pela independência de seus pareceres e pelo seu aguçado espírito crítico, cuja ausência ficaremos sempre a sentir.

São Paulo, 01 de julho de 2008

Mônica Junqueira de Camargo

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