“Discursos sobre arquitectura” foi um ciclo de conferências que reuniu, em 1990, no Auditório da Escola Superior das Belas Artes do Porto, um conjunto notável de arquitectos. A Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto marcava assim a entrada na última década do século com uma iniciativa de grande alcance e ambição. Alguns nomes, então numa primeira fase das suas carreiras, como Jacques Herzog e Peter Zumthor seriam mais tarde reconhecidos com o Prémio Pritzker. James Stirling, uma figura central da arquitectura do pós-guerra, faria aqui uma das suas últimas conferências. Para aqueles que na altura puderam presenciar as conferências, estudantes de arquitectura, arquitectos e professores, o ambiente era intenso e a expectativa do encontro com algumas das figuras já míticas da arquitectura contemporânea pairava no ar.
Passados 20 anos, muitas coisas mudaram na arquitectura, embora também muitas outras se mantenham inalteradas. A iniciativa que apresentamos visa, por um lado, celebrar o ciclo de conferências de 1990 e, por outro, questionar o que a passagem do tempo fez àquilo que se ouviu e foi mostrado. O que permanece hoje dos
Discursos de Arquitectura de 1990, lançados por personagens tão diversos como Giorgio Grassi e David Chipperfield? Será que aquilo que perdeu pertinência nesses “discursos” pode ter ganho patine e uma inteligência mais funda? Como é que o discurso destes arquitectos por vezes poético, outras vezes meramente circunstancial, resiste ao passar de 20 anos?
Poderemos então reencontrar a voz de Fernando Távora e de Álvaro Siza representando o contexto nacional; Stirling, Grassi e Rafael Moneo como nomes representativos de uma influente geração “pós-moderna”; Jacques Herzog, Peter Zumthor e David Chipperfield, hoje centrais na cena contemporânea; Bernardo Secchi, um teórico maior do urbanismo em Itália; e Kenneth Frampton, que com o conceito de “regionalismo crítico” inscreveu a arquitectura do Porto, e de Siza em particular, no contexto internacional dos anos 80.
Ao ser lançada esta reposição de um conjunto seleccionado de 10 conferências, olhando para trás, pretende-se também discutir o futuro da arquitectura. Como diz José Gil, nem sempre no nosso país é feita a “inscrição” do que acontece. Este ciclo pretende “inscrever” os Discursos de Arquitectura no espaço contemporâneo. Por isso, convidámos um conjunto de arquitectos e críticos para apresentar e debater, em 2010, os “discursos” e os seus ecos futurantes de 1990.
Jorge Figueira
Para mais informações consulte o site da
OA-SRN