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Espólio do Movimento de Renovação da Arte Religiosa
08.02.2012

Em Maio de 1953 inaugurou-se na Galeria de S. Nicolau, em Lisboa, a Exposição de arquitectura religiosa contemporânea, organizada por um conjunto de jovens arquitectos e estudantes de arquitectura, ligado ao Movimento de Renovação da Arte Religiosa (MRAR): Henrique Albino, Nuno Teotónio Pereira, João Braula Reis, João Correia Rebelo, António de Freitas Leal, José Maia Santos e João Medeiros e Almeida.

Num desdobrável, davam-se a conhecer aos visitantes os seus princípios motivadores: a exposição não se limitava a apresentar trabalhos, mas também a criticar o “panorama doloroso da nossa arquitectura, a inexistência no nosso meio de uma crítica competente” que tornavam urgente “uma acção de esclarecimento e uma revisão de conceitos”, para que a arquitectura religiosa nacional pudesse “mostrar ao mundo de hoje a verdadeira face da Igreja de Cristo”, abandonando modelos arquitectónicos que perpetuavam uma estética pretensamente tradicional e nacionalista, alheia aos princípios defendidos pelo Movimento Moderno. Foram esta atitude crítica e esta vontade de renovação formal da produção arquitectónica e da arte sacra que, um ano antes, motivaram a fundação do Movimento de Renovação da Arte Religiosa por “uma comunidade católica de artistas e de outras pessoas interessadas, com o fim genérico de promover, em todos os domínios da arte religiosa, o encontro de uma verdadeira criação artística com as exigências do espírito cristão” (“Estatutos”, Artº 1º). Na génese imediata do MRAR esteve a reacção contra o anunciado projecto do arquitecto Vasco Regaleira para a igreja de S. João de Brito, expressa através de um abaixo-assinado, onde se afirmava que esse projecto não se coadunava “nem com os tempos que correm nem com o ambiente geral do Bairro de Alvalade”. Num contexto mais alargado, o MRAR foi, entre nós, a expressão de uma nova concepção teológica que começou a esboçar-se na Europa, sobretudo na Suíça e na Alemanha, nos anos seguintes ao final da I Guerra Mundial, que colocava a celebração da Missa no centro do culto cristão/católico, e que em termos da concepção arquitectónica colocava o altar como ponto central da organização espacial da planta das novas igrejas.

Desde 1952 e até sensivelmente ao final da década de 1960, quando começou a dissolver-se, o MRAR manteve uma acção dinâmica e interventiva, sobretudo formativa, editorial e expositiva, mais do que arquitectónica e artística, muito por causa dos constrangimentos políticos e económicos do país. Ao longo deste período, foram seus membros activos arquitectos como Nuno Teotónio Pereira, António de Freitas Leal, Nuno Portas, João Correia Rebelo, Diogo Lino Pimentel, Formosinho Sanches e Luís Cunha, artistas plásticos como José Escada, Madalena Cabral, Eduardo Nery, Manuel Cargaleiro e Jorge Vieira, historiadores de arte e conservadores como Flórido de Vasconcelos e Maria José de Mendonça. 



A Fundação Calouste Gulbenkian apoiou várias acções realizadas pelo MRAR, nomeadamente um “Curso de Arquitectura Sacra” (Janeiro 1958) organizado no âmbito do concurso para a construção da igreja do Sagrado Coração de Jesus; a realização da “Exposição de Arte Sacra Moderna” (1956 e 1960); o concurso do ante-projecto para a construção da Sé de Bragança e a apresentação em Portugal (1964) da exposição itinerante “Novas Igrejas na Alemanha”. Esta ligação reatou-se em Março de 2007, quando um dos seus fundadores, o arquitecto Nuno Teotónio Pereira fez a doação à Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian do seu espólio, a que se juntaram mais alguns documentos oferecidos pelos arquitectos António de Freitas Leal e Diogo Lino Pimentel. O conjunto é constituído por 300 espécies documentais, distribuídas por 6 dossiês, fundamental para o estudo não só do MRAR, como da arquitectura moderna em Portugal. Um dos documentos que o integra é este folheto elaborado pelo arquitecto açoriano João Correia Rebelo (1923-2006), uma espécie de manifesto onde pela fotografia e pela palavra se mostrava a todos – desde o “Senhor ministro”, ao simples cidadão – no contexto das concepções estéticas da década de 1950, exemplos do que ele considerava ser boa e má arquitectura. 



A Biblioteca de Arte, no âmbito da política que concilia a preservação e a disponibilização dos seus fundos documentais, procedeu à digitalização deste Espólio, cuja consulta, por questões relacionadas com direitos de autor e de personalidade, apenas pode ser realizada a partir da sua rede interna. 



TÍTULO/ RESP Espólio Movimento de Renovação da Arte Religiosa 


PRODUÇÃO 1951-2002 


DESCR. FÍSIC 6 dossiês (300 documentos) 


CONTÉM Debate público sobre o projecto da Sé Catedral de Bragança 1987-[1993] 
Recortes de imprensa resultantes da actividade do MRAR 1944-1970 
Documentos do Patriarcado de Lisboa e outras instituições 1956-2002 
Documentação sobre arte sacra 1951-1989 
Publicações do MRAR [195-] -1964 
Documentação produzida pelo MRAR 1951-1967 


PROVENIÊNCIA Espólio doado pelo arquitecto Nuno Teotónio Pereira; oferta de mais alguns documentos pelos arquitectos António Freitas Leal e Diogo Lino Pimentel. 


COTA(S) MRAR 1-MRAR 6 res

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