Esta exposição foi concebida pelos próprios The Archigram Archives e traça uma extensa retrospectiva daquele que foi um dos mais marcantes colectivos da história da arquitectura contemporânea, questionando e desconcertando a cidade, a relação entre arquitectura e tecnologia e entre tecnologia e corpo, e fazendo-o de modo radical – incluindo na forma, permanecendo até hoje inconfundível o universo visual dos Archigram. Tendo sido sempre um território que valorizava claramente mais a pergunta do que a resposta, e rasgando caminhos verdadeiramente multidisciplinares, não surpreende que a obra dos Archigram tenha perpetuado até hoje a sua influência onde ela é menos visível e mais decisiva – não nas formas mas nas ideias que as formas traduzem.
Veículo ideal para a discussão sobre as novas realidades urbanas e sobre a arquitectura na sua dimensão mais experimental, discutindo metodologias, afectando percepções e comportando sempre uma ideia de futuro, a obra que aqui se expõe – num conjunto avassalador de desenhos e maquetes originais, material multimédia ou exemplares das célebres publicações com que os Archigram provocaram o tecido académico da altura – é o ponto de partida para uma verdadeira viagem por um dos mais extraordinários processos de reflexão que a arquitectura já conheceu sobre os seus próprios fundamentos e limites. E daí ser um percurso sobre possibilidades e não sobre construção de um novo futuro. Daí apontar-se a uma arquitectura e a processos nómadas, adaptáveis, episódicos e tantas vezes refundadores. Passados mais de quarenta anos desde a separação do grupo, os Archigram continuam a lembrar-nos da função incendiária da arquitectura. É o que aqui se celebra.

Aproveitando a oportunidade para aprofundar a reflexão que a obra dos Archigram inevitavelmente desperta sobre alguns dos temas nucleares da própria arquitectura e cuja discussão será provavelmente inesgotável, haverá ainda lugar à realização, em Novembro, de uma conferência internacional (com programação a divulgar em breve) que contará com a participação de elementos dos Archigram e se organizará à volta de dois módulos: "cidade e utopia" e "espaço e corpo". Em associação com a AAVS – Architectural Association Visiting School (Reino Unido) e contando com a colaboração da Universidade do Minho – Escola de Arquitectura/ Instituto do Design, o programa incluirá ainda o workshop "Reinventing Modes of Production", de 27 de outubro a 4 de novembro, dirigido pelos arquitectos portugueses e investigadores da AA Emanuel de Sousa e Francisca Aroso.

A entrada tem um custo de 2€. Para mais informações: aaschool.ac.uk/study/visiting ou visitingschool@aaschool.ac.uk.