Está patente até 13 de Fevereiro a exposição Fernando Távora Modernidade Permanente, na Escola de Arquitetura da Universidade do Minho.
A pedagogia de Fernando Távora não tem a ver com modelos, respostas sistemáticas, know how. Não exclui ferramenta. Mas tem a ver com a humana condição, abertura, prudência, compreensão, permissividade por vezes, dúvida, vontade, intransigência.
As suas aulas constituíam também, embora inconfessadamente, um ritual, mas ao contrário do habitual discurso iniciático dos mestres sobre a dificuldade e excelência do campo do conhecimento de que se julgam especialistas únicos, Távora explicou aos seus alunos que desenhar é tão natural como respirar e que o ofício de fazer arquitectura, como qualquer outro ofício, não é apanágio de alguns iluminados.
Tão natural como respirar era o modo como Távora se referia ao método, mas tão natural como respirar era o modo como ensinava, confrontado frontalmente as tensões do mundo e da vida sem nunca virar a cara à complexidade — é ela a essência do real, é ela a matriz do nosso ambiente de trabalho. Oferecendo-nos em constância um leque de contradições a que não bastam os 180°, do qual nascem lições de Arquitectura.
A exposição Fernando Távora Modernidade Permanente é sobre a obra de Távora, mas, longe da ambição de ser monográfica, ou antológica, pretende isso sim oferecer uma leitura transversal da insistente relação que essa obra tem com o exercício do magistério, enquanto Professor de Arquitectura.
Trata-se, portanto, de um conjunto de documentos, ora pertencentes ao âmbito do desenho e da fotografia de Arquitectura, ora ao âmbito documental dos registos existentes sobre as suas aulas, conferências, viagens de estudo. O objectivo final visa incluir a documentação selecionada num todo cuja coerência seja legível, de um modo tão natural como foi colhida ao longo da vida. Esse todo não almeja, como já foi referido, abarcar a imensidão e a complexidade do pensamento e da obra de Fernando Távora, mas antes centrar-se no carácter pedagógico desse mesmo pensamento e dessa mesma obra. Visa explorar em que circunstâncias a prática da arquitetura e o mister de professor se contaminam e se deixam contaminar uma pelo outro, em que lugares se cruzam entre si.
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