O Arquitecto Francisco Castro Rodrigues foi homenageado na cerimónia de entrega de prémios TEKTÓNICA 2014 – Portugal Constrói, uma identidade.

Reproduz-se a baixo o texto da arquitecta Cristina Salvador a propósito da Atribuição do título de Sócio Honorário a Francisco Castro Rodrigues, onde salienta os mais importantes aspectos da obra deste arquitecto.

"Propõe-se que o arquitecto Francisco Castro Rodrigues, de 85 anos, inscrito na SRS há 54 anos como membro de pleno direito, seja nomeado membro honorário da Ordem dos Arquitectos, nos termos do estatuto (Art.º 7.º, n.º 3) , pelo elevado mérito da sua actividade profissional.
O facto da sua actividade a partir de 1953 se ter desenvolvido maioritariamente em Angola, onde viveu e trabalhou durante 34 anos como arquitecto municipal, inicialmente ao serviço do Estado Português e mais tarde ao serviço da República de Angola, tem limitado o conhecimento da sua obra vasta e notável.
As diversas obras que projectou e que vão do planeamento, infra-estruturas, edifícios de equipamento público, blocos de habitação, ao mobiliário e obras de arte, destacam-se pela modernidade e qualidade.
Dos seus projectos merecem especial referência:
Os planos do Lobito e da Catumbela do final dos anos 60, baseados nos conceitos do urbanismo moderno da “Carta de Atenas”; os projectos das unidades de vizinhança do Alto do Liro (7.500 habitações de autoconstrução); e os edifícios do Liceu, Mercado, Cine-Esplanada Flamingo e Aerogare do Lobito e a Catedral do Sumbe.

O seu percurso, cívico, pedagógico e profissional, merece destaque.
Embora interessando sobretudo à Ordem os dois últimos aspectos, não podem no caso de Francisco Castro Rodrigues serem desligados do primeiro.

Deste percurso destacamos:
- Director da Sociedade Nacional de Belas Artes (1945/53). Membro da Comissão Organizadora das Exposições Gerais de Artes Plásticas;
- Participação no I Congresso Nacional de Arquitectura (Lisboa, 1948) onde apresentou, em co-autoria e como tirocinante, uma comunicação em cada um dos dois temas [em anexo];
- Numa acção concertada com Keil do Amaral e outros (alunos, ex-alunos e pais de alunos de Belas Artes), organiza uma Assembleia Geral da SNBA para discussão pública do Ensino da 8.ª Cadeira na ESBAL (Arq. Luís Alexandre da Cunha), em que é aprovada uma moção pública a endereçar ao Ministro da Educação, a que se segue a instauração de um inquérito aos métodos pedagógicos do referido professor, conseguindo a sua destituição de director (1951).
- Coordenador da Revista Arquitectura (Outubro 1951/Fevereiro 1954);
- Participação no III Congresso da UIA (Lisboa 1953);
- Director dos Serviços de Urbanização e Arquitectura na câmara Municipal do Lobito (1953/75);
- Convidado pelo Governo Geral de Moçambique (1973) para criar um gabinete de apoio ao Fomento da Habitação para saneamento de agregados insalubres “caniço” em Lourenço Marques;
- Delegado Provincial da Comissão de Conservação do Património Cultural Nacional (1978) onde organiza o Museu Regional de Etnografia do Lobito, colabora no guião e montagem do Museu Nacional de Arqueologia de Benguela e nos projectos de criação dos museus da Resistência Popular e do Trabalho;
- Estudo sobre “Aldeias Novas - Comunais ou não” (1979) para a Direcção Nacional do Urbanismo e Edificações (plano de fixação das populações ao território);
- Integrou a Direcção Nacional de Edificações de Angola (1979) e mais tarde até 1984 o Gabinete Regional de Urbanização de Benguela;
- Conclusão do estudo “História do Lubito e da Catumbela” (1982);
- Novo estudo sobre as “Aldeias Comunais” (1982), avaliação critica do processo em Angola e Moçambique;
- Recebe da Assembleia Popular Provincial de Benguela em 1985 um Diploma de Mérito pela função que desempenhou como arquitecto no Gabinete Provincial de Urbanismo;
- Fixou-se em Portugal em 1987 e voltou a Angola (em 1995) para receber o diploma “Cidade do Lobito”, como reconhecimento do seu “prestimável contributo ao engrandecimento da cidade do Lobito”."

Cristina Salvador