O dossier da História das revistas de arquitectura portuguesas do século XX abre com o número inaugural da revista "A Construcção Moderna", datado de 1900 e culmina com o número de estreia da Revista Prototypo, que encerra o século passado. Esta a medida cronológica do Dossier Revistas – O Lugar do Discurso, já disponível na Bibilioteca Digital.
O dossier, que enquadra e sustenta os ciclos de debates "O Lugar do Discurso" a decorrer entre Fevereiro e Maio, é o segundo da colecção digital que a OASRS disponibiliza com o objectivo de sistematizar dados relativos a um tema de particular relevância (o primeiro é dedicado ao projecto SAAL). Toda a informação
aqui. A Ordem dos Arquitectos-Secção Regional Sul (OASRS) vai acolher um conjunto de conversas de dois ciclos de debates sobre a análise do discurso da arquitectura através de periódicos especializados publicados ao longo do século XX.
Os ciclos, que se chamam O lugar do Discurso inauguram a
25 de Fevereiro, às 18h, na
Biblioteca da sede da Ordem dos Arquitectos. É uma conversa sobre Arquitectura vista por não arquitectos com os convidados Álvaro Domingues, António Bolota, Paulo Catrica e Manuel Villaverde Cabral.
O primeiro ciclo (Ciclo Temas/Capa) reflecte sobre como as revistas de arquitectura do último século contribuíram para o discurso da disciplina.
O segundo ciclo (Ciclo Agentes) evoca as ligações que, inevitavelmente, arquitectos, editores, críticos e designers estabeleceram, de que forma ocuparam os seus lugares de influência e como trocaram conhecimentos.
O lugar do discurso é um projecto de investigação financiado pela FCT (2013-2015), na sua origem. Decorre de uma parceria entre o Instituto de História da Arte da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas/Universidade Nova de Lisboa (FCSH-UNL) e o DINÂMIA, do ISCTE/Instituto Universitário de Lisboa. O projecto é coordenado pela arquitecta Rute Figueiredo e realizado por uma equipa de 10 pessoas entre investigadores e bolseiros de investigação.
Além da sede da Ordem dos Arquitectos, os ciclos têm lugar na FCSH-UNL, no MUDE (Lisboa) e na galeria Quadra (Porto). A primeira conversa, Arquitectura vista por não arquitectos, "toma como ponto de partida o título de um inquérito feito pelo Jornal Arquitectos em Outubro de 1986, então dirigido por Gonçalo Byrne", explica Rute Figueiredo. A investigadora refere que a análise das revistas de arquitectura ao longo de um século permite "configurar as contínuas formas de a arquitectura se definir, questionar ou criticar".
Os estudos de periódicos de arquitectura fazem "perceber, entre outros aspectos, a massificação da visibilidade da disciplina; uma grande pulverização de práticas, que nos reenvia para uma sempre falada ‘crise' da arquitectura, em que se defrontaram, muitas vezes, os profissionais mais próximos das práticas construtivas e os que estariam à vontade num campo mais ou menos teórico, os arquitectos que exerceram outras artes (design, fotografia, por exemplo) ou arquitectos com várias componentes no seu currículo".
Essa crise (um "questionamento") deslocou-se dos eixos estruturantes da arquitectura, provocando crises da identificação da disciplina. A publicação dos periódicos conferiu visibilidade à arquitectura entre arquitectos, outros profissionais e público; à construção da crítica de arquitectura; à influência que exerceram na prática.
"As revistas, assumidas como um tipo específico de publicação, estabelecem um ritmo que está para além do ritmo de edição, muitas vezes irregular, instalando uma rede móvel em que arquitectos, editores e críticos se ligaram, formaram núcleos e polemizaram, obrigando a que o seu campo disciplinar sofresse alterações".
Segundo Rute Figueiredo, "a cultura arquitectónica foi sendo moldada pelo discurso crítico e os cânones foram sendo construídos a partir de discursos que podiam ou não ser fundados em conhecimento prático." Neste sentido, os periódicos são instituições a partir das quais irradiou o poder de fazer aparecer projectos, ideias, arquitectos e outros protagonistas. "Nos debates talvez possamos entender por que razões as revistas consagraram uns e excluíram outros, que critérios e lógicas presidiam às escolhas."
A 28 e 29 de Setembro de 2015 haverá um congresso internacional que pretende discutir as relações entre a construção do campo arquitectónico e os media.
Programa provisório
TEMAS/CAPAS Arquitectura vista por não arquitectos 25 Fevereiro, 18h, Biblioteca da Ordem dos Arquitectos
(Organização: Margarida Brito Alves/ Rute Figueiredo)
Com António Bolota, Álvaro Domingues, Manuel Villaverde Cabral, Paulo Catrica
Vitruvius Mozambicanus 12 Março, 18h, Biblioteca da Ordem dos Arquitectos
(Organização: Ana Vaz Milheiro)
Com Hugo Segawa, José Luís Saldanha, José Manuel Fernandes, Miguel Santiago
Arquitectura em VHS. Lisboa, Anos 1980: Os simpósios do pós-modernismo 10 Abril, 10h, MUDE
(Organização: Jorge Figueira/ Leonor Matos Silva)
Convidados a definir
Arquitectura vista por arquitectos 23 Abril, 18h, FCSH
(Organização: Margarida Acciaiuoli)
Com José Augusto-França, Michel Toussaint
O que é feito do star system da arquitectura? 28 Abril, 18h, Biblioteca da Ordem dos Arquitectos
(Organização: Paulo Tormenta Pinto)
Com André Tavares; Joaquim Moreno; Nuno Grande; Tiago Mota Saraiva
AGENTES
Arquitectura através do Design 26 Fevereiro, 18h, Galeria Quadra, Porto
Inauguração da Exposição "O Lugar do Discurso – A Arquitectura Revista"
27 Fevereiro, 18h, Galeria Quadra, Porto
(Organização: José Bártolo; Vítor Alves)
Convidados a definir
Os agentes da crítica no campo da arquitectura 18 Março, 18h, Biblioteca da Ordem dos Arquitectos
(Organização: Inês Brasão)
Com António Guerreiro, José Manuel Fernandes, Manuel Graça Dias
Novos editores – as novas bases do discurso 21 Abril, 10h30, Biblioteca da Ordem dos Arquitectos
(Organização: Paulo Tormenta Pinto/ Ana Vaz Milheiro)
Com Alexandra Areia, Hugo Oliveira, Pedro Baía, Pedro Bismarck, Tiago Krusse
O lugar do editor no discurso da arquitectura 6 Maio, 18h, Biblioteca da Ordem dos Arquitectos
(Organização: Rute Figueiredo)
Com Ana Vaz Milheiro, Carlos Duarte
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