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Arquitectura para os arquitectos
18.04.2017
Chegou recentemente ao nosso conhecimento uma situação bem demonstrativa daquilo que criticamos. O pretexto foi uma pequena construção feita numa das ilhas selvagens para apoio aos vigilantes que ali permanecem, para marcar a pretendida soberania.
Tem esta Ordem sempre defendido, como lhe compete, que a arquitectura deve ser da exclusiva responsabilidade dos arquitectos. Daí o questionarmos o porquê de não ter sido aqui feito um projecto da responsabilidade de um arquitecto. Estaria, seguramente, mais integrado no terreno, e o que não é pouco, representaria melhor a soberania da nossa presença ali, até como exemplar de um tempo em que a qualidade da nossa arquitectura é mundialmente reconhecida e enaltecida.
Em vez disso fez-se ali um barraco sem qualquer interesse.
Podem dizer que será provisório, mas todos nós sabemos da longevidade destas coisas provisórias, e está por provar que o provisório tenha de ser mau; podem dizer que foi uma decisão urgente, mas pela dimensão e condicionantes do próprio sítio, este não seria, seguramente, um projecto demorado de executar; pode ainda argumentar-se que os custos teriam de ser baixos, mas nada impede, bem pelo contrário, que um projecto feito por um arquitecto não pudesse até, muito provavelmente, ter sido mais barato.
Mais grave ainda o facto de tudo isto ser da responsabilidade de um organismo público e feito numa zona protegida.
Foi, como se vê, mais uma excelente oportunidade perdida para se ter tomado uma posição ética e pedagogicamente correcta. Em vez disso, optou-se por resolver um problema, criando outro problema que agora há que resolver.
José Manuel Pedreirinho
Presidente do Conselho Directivo Nacional da OA