Recentrar a arquitectura no diálogo. Não existe Futuro sem Arquitectura
Gonçalo Byrne participou na primeira mesa-redonda da
Festa dell’Architetto 20-21 a 27 de Janeiro.
Na abertura do encontro, a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, declarou “
There is no future without architecture” e o Presidente tornou útil a afirmação propondo uma direcção para a Arquitectura — o diálogo, que deve fundamentar tanto o pensamento (a reflexão e o conhecimento) como o exercício do arquitecto.
“A arquitectura como ponto de diálogo — e de integração — entre as várias áreas envolvidas, cultura, arte, tecnologia, ciência, mas também entre os envolvidos (
stakeholder, promotor, utilizador) que são, em última instância, a sociedade. Esta abrangência faz com que a arquitectura carregue em si mesma o projecto de uma ambição incrível e de uma abrangência totalmente vasta que transporta o arquitecto para o centro do projecto. Não estando isolado do mundo, antes pelo contrário, o arquitecto encontra-se numa rede de intenso diálogo e este diálogo reforça a qualidade da sua prática”.
Retomando tópicos que tinha abordado na sua intervenção no
9.º Fórum PTPC, nomeadamente o paralelo possível de estabelecer entre a crise de 1919 e aquela que hoje vivemos, o período de transição e de refundação que inaugura, e a implicação que um exercício responsável e sustentável deve ter na prática da construção do Futuro, Gonçalo Byrne sublinhou, na sua intervenção, a resiliência enquanto questão importante na arquitectura.
A durabilidade, que referiu ser a palavra francesa para sustentabilidade, tem de ter reflexos no ciclo de vida do construído, que deve ser privilegiado. Desta forma pretendeu evidenciar a importância do projecto de reabilitação, de re-uso, que vai ao encontro da economia circular.
“Estamos num mundo onde todos os paradigmas estão em transição, mas não devemos ter a ilusão, o mundo também é altamente tecnocrático e mercantil”. O que se traduz na desregulação dos mercados e na mercantilizaçação dos honorários que afecta particularmente a Europa Meridional, onde a percentagem de arquitectos pelo número total de habitantes, em países como a Itália e Portugal, é superior comparativamente a outros países da Europa Central ou do Norte. “São as decisões do mundo da arquitectura que afinam e combinam com a alta tecnologia que domina o mercado: a alta tecnologia da forma, dos materiais, da orientação…” Existem níveis a montante da tecnocracia que são claramente decididos e desenhados pelos arquitectos mas a “batalha” está em que a tecnocracia tem uma obsolescência alta e, consequentemente, um valor relativo em relação à arquitectura.
Para terminar, salientou que, no espírito da
New European Bauhaus, é criada uma oportunidade única que é muito importante, resultado deste mundo de diálogo: a oportunidade de recentrar a arquitectura neste diálogo para servir com qualidade todos aqueles que desfrutam do nosso “serviço”.